Eu gostaria de contar a historia da minha vida. Mas só eu mesma vou ler essa merda. Então para que eu contar a mim mesma coisas que eu vivo e já vivi? A vida não é um livro e eu não sou "grandes bosta", como diria minha querida avó. Por isso contar a minha vida não faz sentido. Eu ainda estou viva e não sou nada especial ou importante.
Neste momento eu estou impedida de acessar o meu perfil no site formspring, aquele antro de gente egóica e admirável. Estou impedida por amor ou medo de confrontar o fato de que eu não sou boazinha, não sou um anjinho. Alías, eu bem poderia ser o anti-cristo. (Tenho dúvidas a este respeito desde os 7 anos). Mas para que esse texto, que só eu vou ler, faça algum sentido eu preciso explicar porque o amor ou ego às avessas me fez desabilitar a minha conta naquela porra. Uma das minhas irmãs viu as mentiras e verdades que eu contava lá sobre minha vida longe da família. Então ela tem o Bebê G e eu sempre acho que mães são sempre passíveis de fragilidade e portanto necessitam da proteção de todos. Quando alguém fala "mãe" eu geralmente já penso em alguém com dor de cabeça, fazendo sopa, aguentando marido bêbado, com dor no lombo pelos partos e sentindo dor de cabeça por ficar acordada até tarde, enfim... Quando eu lembro da minha mãe, lembro de alguém extremamente passivo, com dor de cabeça e que fica feliz sem nem saber porquê. Agora a minha irmã é a mãe do Bebê G e eu sempre imagino que ele está chorando enquanto ela digita no teclado do computador antigo que o marido comprou do meu pai. Então ela leu as respostas do meu perfil do formspring e eu já imaginei ela com dor de cabeça, ponto na barriga, dor no lombo, fazendo sopa e o Bebê G chorando. Ele não chora de fome, ele não chora de cólica, ele não chora porque o dentinho está nascendo. Eu tenho a impressão que ele chora porque eu estou indo para o inferno, como os crentes da minha família pensam.
A internet para mim sempre foi a zona azul. Zona porque era onde eu livremente me prostituía à minha própria vontade e azul porque era o paraíso onde eu tinha acesso a uma liberdade falsa, que acabava assim que eu desligava o computador. Eu era a única habitante da zona azul. Pois este termo nunca foi proferido por mim e nem digitado. Eu nomeei a internet de zona azul, após me apaixonar por um hippie judeu e com um meio sorriso malicioso no rosto pensei "aqui eu posso esconder esse namoro". Ele era maconheiro, eu era crente e fora da zona azul não poderia uma união dessas vingar. Realmente não vingou...
Eu consegui me esconder tanto tempo aqui na zona azul. Eu já fui escritora, artista plástica, putinha de uma sala judaica no chat uol, conheci avatares que escondiam pessoas, etc. Mas um dia eu percebi que a zona tinha se expandido. Ela se expandiu primeiro dentro de mim e aos poucos foi se expandindo nas minhas atitudes. Eu descobri que não era possível não se transformar. A Zona Azul não era só um cyber espaço. Na verdade, um cyber espaço não é só um cyber espaço. Eu quero dizer que me informei por meio da Zona Azul (repito o termo quantos caralhos de vezes eu desejar) e mudei. O real é virtual, o virtual é só um espaço. Mas foi o espaço onde mais fui influenciada por pessoas e pensamentos. No mínimo foi o lugar onde mais rapidamente fui influenciada. Mas eu soube esconder durante muitos anos a Monique ativista, esquerda, boca porca, a favor da liberdade total do indivíduo (e da individua que vos fala) dentro desta zona. Agora a mãe do Bebê G leu tudo, descobriu tudo, está ferida de alma. Ela sabe que existe uma outra habitante neste corpo, que antes estava iludida que poderia viver apenas em perfis de site de relacionamento.
Não há camisinha que aguente essa pica. Ela é grossa! Agora eu me esforço por passar talco na assadura do cu.
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