“Garota na chuva ou no verão. Garota na chuva, são as quatro estação”
Olá! Hoje é um dia ótimo para eu falar sobre uma pessoa que me inspira. Ela acredita que quer ser diva do pop. Mas olhando aqueles olhos com lente colorida barata eu vejo um mar de inocência em um ser que quer apenas felicidade. É quase uma brincadeira de criança o que Edneia Macedo fazia ao gravar seus clips e compor letras como “ Vamos Brasil! Eu danço pop pop pop. Gosto de pop pop pop!”. Eu acredito que ela realmente é alguém que cultua o lúdico e deve ter sentido muito prazer em gravar os vídeos, as músicas e participar de apresentações em sua pequena cidade. Agora dizem que ela está cobrando para se apresentar em shoppings centers, após a sua aparição no programa Pânico Na TV. Eu fico feliz porque Edneia me pareceu ainda conservar sua ingenuidade nas suas últimas aparições na TV. Mas tenho muito medo que ela perca o encanto natural tão explícito nestes versos “Fazendo o bem que você tem...Mágica do amor (mágica do amor),mágica do amor (mágica do amor).Vamos mostrar que o mal não vence o bem”. (Olha, veja só se você colocar Mágica do Amor no Google a música da Edneia é a primeira que aparece e eu copiei esse trecho da música no site do Terra.)
A Edneia parece algumas meninas que eu conheci nas minhas viagens pelo interior do Nordeste, Norte de Minas e Espírito Santo. Moram em uma cidade pequena, acreditam em Deus, vão a missa e esperam algum show de pagode, sertanejo ou arrocha acontecer (os jovens no interior esperam qualquer espécie de show mesmo por falta de opção). Nas festas e shows elas ficam com alguns garotos ou não, algumas bebem bastante, andam em grupos de braço dado, cabelo escovado, ou melado de creme para quem não teve tempo de escovar, geralmente usam as roupas melhores que têm para qualquer evento sem muita importância, etc. O conceito de que mais é menos com relação ao figurino ainda não chegou em alguns vilarejos, municípios, zonas rurais com menos de 15.000 habitantes no Brasil. Então é comum ver o excesso de maquiagem, de centímetros no salto do sapato, de bijouterias. Eu vejo uma ingenuidade muito bonita nelas. Quando eu falo de ingenuidade não estou falando de privação sexual ou infantilidade, como alguns podem deduzir. Elas não são burras, atrasadas ou assexuadas. Mas lidam com isso de uma maneira mais simples, natural. A maioria ainda tem valores cristãos bastante arraigados. Por isso podem até ter relações sexuais, mas sempre me parecem estar sorrindo e com a mão tapando a boca de vergonha. As mais assanhadas aproveitam a vaquejada, guerra na lama, corrida de jegue, cavalgada, festa da igreja na praça, natal, réveillon, aniversário do vizinho para entregar as suas bocetinhas a algum macho que as interesse. Mas não se fala sobre isso fora da roda de amigas e eu continuo com a impressão que mesmo na roda de amigas elas ainda estão com a mão na boca escondendo o sorriso. Tem as evangélicas ou aquelas que tem pais muito rigorosos que vão as festas, bebem, mas conseguem ter um namoro de 4 anos com ‘Maicon’ ou ‘Francisco’ ou “Fulano” sem que eles vejam a cor da dita cuja. Essas são muito valorizadas pelas outras amigas e irão receber menos elogios entre os conhecidos do que as outras desavergonhadas receberão xingamentos.
Eu vejo a Edneia levando essa vida no interior e ao mesmo tempo recebendo referências na mídia de gente que, em sua maioria, não teria capacidade de imaginar ou compreender o mundo em que ela vive. Eu conheço a cidade que Edneia nasceu e viveu a maior parte do tempo. Eu lembro que eu fui para lá com a minha irmã (não é a mãe do Bebê G) porque ela era fiscal de um programa de alfabetização do governo e ficamos em uma “pousada”. Na verdade, esta pousada eram dois quartos que a dona de um bar/restaurante, que disponibilizava para hospedagem. ( Eu lembro também da minha irmã ter flagrado eu me masturbando no quarto durante essa viagem, enfim...). Era tudo muito limpo, mais limpo do que no hotel, então preferimos ficar lá. A comida do restaurante me provoca fome só de lembrar até hoje.Ela fazia um andu com farofa, torresmo, arroz sequinho, carne de sol... e vou parar de falar que eu já estou com fome. Eu fico relacionando a imagem de Edneia a cidade em que ela nasceu e é tão nítido que ela pertence aquele lugar. Acho que consigo até encaixá-la em algumas das minhas lembranças de Itaberaba. Itaberaba se encaixa perfeitamente com aquilo que eu enxergo nos olhos de Edneia. Acho que para ela se tornar uma popstar aquele olhar vai precisar ser outro. Não vai adiantar muito mudarem o cabelo, os olhos ou figurino. De qualquer maneira, ser Edneia de Itaberaba é muito mais interessante do que ser uma popstar.
Fiquemos com a nossa musa cantando e nos alegrando:
Achei diva.
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